São Paulo – Logo após sofrer um atentado a tiros (assista abaixo), quando registrava em vídeo a lua na noite da véspera do Natal de 2023 — na sacada de seu apartamento de luxo na zona leste paulistana — Vinícius Gritzbach relatou em depoimento que o policial civil Marcelo Roberto Ruggieri, o Xará, havia prometido lhe dar um tiro.
Xará foi preso pela Polícia Federal (PF), em 17 de dezembro, após Gritzbach denunciá-lo, por meio de uma delação premiada, por envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Gritzbach foi executado com dez tiros de fuzil, em novembro do ano passado, oito dias após iniciar os seus depoimentos, além de apresentar provas, denunciando o envolvimento de policiais civis com o crime organizado.





Mesma arma do atentado
Quase um ano antes de ser assassinado, Gritzbach afirmou ter sido ameaçado pelo policial Marcelo Ruggieri, o Xará. O atentado sofrido, com tiros de fuzil, ocorreu logo depois disso.
Além de prender Xará, a PF também apreendeu, em 20 de janeiro deste ano, armas do policial, entre elas, um fuzil calibre 7.62, armamento usado em guerras e do mesmo tipo que disparou contra o corretor de imóveis.
O fuzil e uma pistola calibre 9 milímetros estavam guardados no cofre de um clube de tiro, em um condomínio fechado de Itu, interior de São Paulo.
Na ocasião do primeiro atentado, Gritzbach ficou ferido em um dos braços, por causa dos estilhaços do disparo, que atingiram uma vidraça, desviando o curso do tiro.
Vídeo
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“Quadrilha” de policiais
Policiais civis de São Paulo, incluindo um delegado e o chefe de um núcleo especializado em investigar o crime organizado na zona leste paulistana — uma das principais áreas de atividades do PCC — são apontados em denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) como integrantes de uma quadrilha que estaria envolvida com crimes de homicídio, lavagem de dinheiro, crimes contra a administração pública e “outros delitos de extrema gravidade”.
Em consequência da denúncia, foram presos, em 17 de dezembro — em uma ação conjunta da PF e do MPSP — o delegado Fábio Baena; o chefe de investigações do Corpo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Cerco), da 5ª Delegacia Seccional, Marcelo Marques de Souza; o também investigador-chefe Eduardo Monteiro; e o investigador Marcelo Roberto Ruggieri, o Xará.
O agente de telecomunicações da Polícia Civil Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, se entregou à polícia em Santos, no litoral paulista, seis dias depois.
Primeiro atentado
“Ele estava em casa na noite de Natal (25/12/2023) com os pais, irmãos, filhos. Por volta das 18h48, eles estavam sentados em um sofá e repararam na lua, viram que ela estava cheia, bem bonita. Ele foi para a sacada para filmar e levou o tiro”, afirmou ao Metrópoles, na ocasião do primeiro atentado, o advogado de Gritzbach, Ivelson Salotto.
Disse ainda que a munição disparada contra o corretor de imóveis era de fragmentação. “A sorte foi que a sacada tinha uma lâmina de vidro que acabou desviando o projétil, senão ia pegar no rosto dele”, explicou.
Segundo a polícia, o tiro foi disparado de um prédio em frente, a partir de um apartamento que fica poucos andares acima do imóvel de Gritzbach.
O Metrópoles revelou a imagem do provável atirador (foto em destaque), captado por uma câmera de monitoramento, logo após o atentado.
A foto foi anexada em um inquérito policial, instaurado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), na qual o sniper carrega uma maleta, onde estaria a arma usada para tentar matar Gritzbach, a caminho de um elevador. O homem que carrega a bolsa preta ainda não foi identificado.
Fonte: Metrópoles