Na contramão da cautela adotada por demais integrantes do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu reagir às tarifas impostas pela administração do presidente norte-americano Donald Trump. No início da semana, o republicano formalizou a taxação de 25% sobre as importações de aço e alumínio. A medida atingiu diretamente o Brasil, que é o terceiro maior exportador de aço para os Estados Unidos.
Já na quinta (13/2), Trump assinou um memorando que prevê reciprocidade tarifária sobre as importações vindas de países que taxam produtos estadunidenses. Até então, o governo brasileiro evitava conflito direto com os Estados Unidos, em busca de negociar uma solução para as tarifas.
Guerra tarifária de Trump
- Desde que assumiu a Casa Branca, em 20 de janeiro de 2025, Trump tem feito ameaças tarifárias como estratégia para proteger os interesses dos EUA.
- Até o momento, haviam sido anunciadas taxações para as importações de produtos do México, do Canadá e da China.
- Os presidentes do México e do Canadá buscaram entendimentos com os EUA e, temporariamente, as tarifas foram suspensas.
- Trump, porém, anunciou taxação de 25% para importações de aço e alumínio, medida que afeta o Brasil.
- O presidente dos EUA também decretou tarifas recíprocas com todos os países.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, reforçou, em diversas ocasiões, a busca por resolução por meio do diálogo. “A intenção do governo é o diálogo. (…) Estamos levantando todos os dados para o diálogo”, disse o vice-presidente, na última quinta. O mesmo tom foi adotado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que enfatizou que não há razões para o Brasil temer, tendo em vista as relações comerciais equilibradas entre os países.
Na sexta-feira (14/2), porém, Lula decidiu elevar o tom contra as tarifas de Trump e prometeu reagir, caso os americanos tomem qualquer atitude que afete o Brasil.
“Se taxar o aço brasileiro, nós vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar na Organização [Mundial] do Comércio (OMC) ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles”, disse o presidente.
E reforçou: “Se o Trump tiver esse comportamento com o Brasil, eu terei esse comportamento com os Estados Unidos. Sinceramente, não vejo nenhuma razão para o Brasil procurar contencioso com quem não precisa. Agora, se tiver alguma atitude com o Brasil, haverá reciprocidade”.



Governo quer negociar tarifas
A medida sobre a taxação do aço entra em vigor no dia 12 de março. Até lá, o governo brasileiro vai tentar negociar alternativas para reduzir o impacto das tarifas sobre a indústria brasileira. As conversas são conduzidas pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Uma das saídas na mesa é a proposta de instituir o sistema de cotas de importação. Trata-se de um mecanismo que impõe limite para o comércio do produto. Ao ultrapassar a cota, passa-se a incidir a alíquota de importação.
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, admitiu que esta é uma saída estudada. “As cotas são um bom caminho. É um mecanismo inteligente, porque, se você aumenta o imposto de importação do aço para os Estados Unidos, isso tem um efeito na cadeia. Você tem um encarecimento na cadeia. O que foi feito anteriormente? Cotas. Você tem uma determinada cota. Essa é uma boa solução”, frisou.
Fonte: Metrópoles