A divulgação de depoimentos bombásticos colhidos pelo Ministério Público Eleitoral de Luziânia escarnaram a vergonhosa utilização de bens públicos da Prefeitura Municipal de Luziânia na campanha eleitoral do prefeito Diego Sorgatto, além da prática de rachadinha, funcionários fantasmas e caixa 2.
Os vídeos dos depoimentos foram colhidos pelo Ministério Público e estão nas mãos do Promotor da 19ª Zona Eleitoral de Luziânia, Fernando Centeno Dutra. Ele está de posse de outros elementos de prova, obtidos através do cumprimento do mandado judicial de busca a apreensão ocorrido na sede do Democracia Cristã em Luziânia na ação de produção antecipada de prova nº 0600991-69.2024.6.09.0019 e na notícia de fato nº 202400602989.
A justiça eleitoral afastou o sigilo dos 13 depoimentos bombásticos que podem ser acessados no link do Ministério Público do Estado de Goiás que acompanha a matéria.
No depoimento da Sra. Tatiana Pereira colhido pelo Ministério Público Eleitoral, ela confirmou que foi nomeada pelo Prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto, mas nunca trabalhou para a Prefeitura e sim para o Democracia Cristã, Partido comandado por João Carlos Dadalte Júnior, que apoiou a reeleição de Diego Sorgatto e Télio Rodrigues.
Esse tipo de prática é conhecida como rachadinha ou desvio de salário de assessor. Trata-se de prática ilícita, caracterizada pelo repasse de parte dos salários de assessores contratados pelo poder público a partir de um acordo pré-estabelecido com quem tem o poder de nomear o servidor para uma determinada função ou cargo público.
Enquanto prestava depoimento ao Ministério Público de Goiás, Tatiana foi perguntada se “ia trabalhar na Prefeitura Municipal de Luziânia”, respondendo que: “Na verdade, na Prefeitura eu nunca fui. Eu trabalhava no Democracia Cristã”
Corroborando o depoimento de Tatiana foi juntada à AIJE protocolizada dia 19/12/2024 uma gravação ambiental de um diálogo travado entre ela e o secretário municipal Divonei Oliveira de Souza. Na conversa Divonei diz o Prefeito Diego Sorgatto pediu para falar com Tatiana par aadministrar a situação. Divonei é uma espécie de eminência parda na Prefeitura Municipal de Luziânia, pois trabalhou com o pai do prefeito, Remi Sorgatto, gozando da confiança de Diego. Confira abaixo o trecho da petição da AIJE enviada à Justiça Eleitoral que trata desse assunto:
“O Prefeito pediu para eu falar com você”; “você já envolveu advogado, começa a ficar ruim”; “que você iria entrar e não iria receber, isso você resolve com o João”; “isso é uma questão de vocês”; “você deu o seu nome pra ele nomear você”; “se você deu o seu nome, então você tem um trato com ele, estou jogando aberto”; “pra nós, se vier essa situação pra nós, nós vamos dizer abertamente que não temos conhecimento de nada, eu vou negar que estive com você, vou negar que te conheço, vou negar o que falei pra você”; “da parte da Prefeitura, vamos dizer que eu nunca estive com você”; “o dinheiro é seu, mas num acordo que você fez com ele”; “você deu seu nome pra você passar o dinheiro pra ele”; “vamos jogar aberto, foi isso que vocês combinaram”. E completou com a seguinte ameaça: “você assinou lá”; “nós não vamos ser prejudicados, agora que vai dar um prejuízo enorme pra você vai”; “toma cuidado, é só mais dois meses”; “eu sei que você está bem documentada, mas eu tenho muito receio quando envolve advogado”; “vai virar um angu de caroço do tamanho do mundo”.
Vale lembrar que em setembro de 2022, Divonei Oliveira de Souza foiindicado pela DECCOR junto com Diego Sorgatto e diversos Vereadores que compõem a alta cúpula do Poder Legislativo de Luziânia, por fraude ao Programa Cheque Reforma do Estado de Goiás.
Em 2022, Divonei foi exonerado do cargo de Secretário Municipal de Saude que ocupava na Prefeitura de Luziânia, após ser gravado pela servidora pública, Enilda Meireles. No diálogo Divonei disse que ele decidia a ordem da fila de cirurgias no município de Luziânia e que “isso faz parte do jogo”.
O caso chamado de “fura fila de Luziânia” ganhou manchetes de jornais em todo o país e Divonei Oliveira foi formalmente exonerado da Secretaria de Saúde de Luziânia, porém, continuou na órbita de Diego, sendo reintegrado formalmente aos quadros da Prefeitura de Luziânia para atuar no processo eleitoral de 2024 e lidar com assuntos sensíveis da campanha à reeleição do Prefeito.
Com arrimo em 13 depoimentos colhidos pelo Ministério Público, gravações ambientais do secretário municipal Divonei Oliveira de Souza e de candidatos à vereador pelo DC e em provas obtidas no cumprimento da busca e apreensão da ação de produção antecipada de prova nº 0600991-69.2024.6.09.0019, deferida pela Justiça Eleitoral de Luziânia, a Coligação Liberta Luziânia interpôs uma nova Ação de Investigação Eleitoral Judicial (AIJE), contra Diego Vaz Sorgatto, Télio Rodrigues de Queiroz e João Carlos Dadalte Júnior que objetiva a anulação dos votos de Diego e Télio e a inelegibilidade dos três, já que João Carlos Dadalte perdeu a eleição que disputou para o cargo de vereador.
A sabedoria popular tem interessante forma de se expressar através de ditados, que se repetem por décadas e gerações. “O peixe morre é pela boca” aconselha administrar bem as palavras, não falar demais. Uso o ditado popular para realçar um sábio conselho para a vida, particularmente na política, pois tudo leva a crer que o assunto poderá render muita dor de cabeça aos agora representados.
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