*Luciano Lima
Não é possível identificar o que está por trás (mais para frente explico) neste atual desentendimento envolvendo Brasil e Venezuela. Fato é que a Venezuela decidiu convocar o seu embaixador no Brasil, Manuel Vadell, para prestar esclarecimentos ao governo de Nicolás Maduro sobre as recentes declarações do assessor especial da Presidência, Celso Amorim, sobre o país vizinho. Amorim disse que diante do não reconhecimento oficial da autodeclarada vitória do ditador venezuelano sinalizaria um “mal-estar nas relações”.
O movimento é também uma retaliação à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo vetou a entrada do país vizinho no Brics (Ufa!), bloco que reúne países do chamado sul global e que está em expansão. Vale ressaltar que o Brasil aprovou a surpreendente inclusão do Irã, considerado hoje pelo ocidente como o “berço” do terrorismo mundial.
Celso Amorim defende Venezuela na Câmara
Talvez a atuação do ex-embaixador Celso Amorim, hoje assessor da Presidência da República, na última terça-feira, 29 de outubro, na Comissão de Relações Exteriores da Câmara Federal, possa ter levantado neste jornalista uma certa desconfiança sobre esse desentendimento entre Brasil e Venezuela.
Amorim deixou claro que o problema da Venezuela é dos venezuelanos e que só será resolvido com diálogo. Em que planeta o ex-embaixador brasileiro se encontrava quando deu tal declaração? Como dialogar com um ditador que persegue, mata, prende e usa violência contra todos aqueles que ousam questionar seus desmandos?
Como assim o problema da Venezuela é dos Venezuelanos? E os quase 500 mil refugiados venezuelanos que fugiram da fome, do desemprego e do autoritarismo do governo de Muduro e que se encontram no Brasil sobrecarregando os serviços públicos em alguns Estados? É problema só da Venezuela?
Amorim atacou também as sanções impostas pela comunidade internacional à Venezuela: “As sanções e o isolamento internacional já se provaram ineficazes e penalizam injustamente a população”.
Outra declaração dada por Celso Amorim, que me deixa desconfiado dessa “briguinha de compadres” entre Lula e Maduro, foi quando um deputado o questionou se considerava a Venezuela como uma ditadura. Amorim respondeu que era contra a “classificação de países” em governos ditatoriais ou democráticos. É ou não é para deixar qualquer um com a “pulga atrás da orelha”?
*Luciano Lima é historiador, jornalista e radialista
Fonte: Viver Política