“Graças à incompetência e complacência das autoridadesbrasileiras tornou-se impossível extinguir hoje essesanimais do país, devendo assim como em outros países oesforço ser direcionado em reduzir ao máximo os danoscausados por esses animais”, destaca o presidente daAssociação Brasileira de Caçadores Aqui Tem Javali.
A invasão descontrolada de javalis no Brasil se tornou uma das principais ameaças aomeio ambiente, à agricultura e à sanidade animal. De acordo com o engenheiroagrônomo Rafael Salerno, presidente da Associação Brasileira de Caçadores Aqui TemJavali, mais de um milhão de javalis precisarão ser abatidos em 2025 para conter osdanos causados por essa espécie invasora.
A situação se agravou nos últimos anos devido a retrocessos nas políticas de controleda espécie. Segundo Salerno, dados internos do IBAMA apontam que foram abatidosquase 500 mil javalis em 2024, com crescimento recorde na população da espécieapós suspensão do controle com armas de fogo no segundo semestre de 2023. “Graçasà retrocessos nos órgãos de governo a espécie está completamente fora de controlecausando prejuízos incalculáveis ao meio ambiente, à agricultura e risco sanitárioiminente à pecuária nacional”, apontou.
A expansão da praga e os prejuízos para o agronegócio
Os javalis e javaporcos, híbridos entre javalis europeus e suínos domésticos, causamprejuízos incalculáveis para a agricultura e para o meio ambiente. Em busca dealimento, eles devastam lavouras de milho, soja e outras culturas, comprometendo arentabilidade dos produtores. Em algumas regiões, estima-se que as perdas cheguem a40% das plantações, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento (MAPA).
Além dos impactos econômicos, os javaporcos representam um risco sanitárioiminente para a pecuária nacional. Esses animais podem transmitir doenças comopeste suína clássica e febre aftosa, colocando em perigo rebanhos comerciais ecomprometendo a segurança alimentar do país.
Obstáculos para o controle da espécie
O presidente da Aqui Tem Javali destaca que os caçadores, que desempenham um papel fundamental no controle da população desses animais, têm encontrado barreiras burocráticas cada vez maiores:
Mais de mil caçadores tiveram suas licenças suspensas, muitos sem qualquer explicação.
Licenças para trânsito de armas, que deveriam ser analisadas em seis meses, estão paradas há mais de quatro meses no Exército.
Os custos para realização do controle legalizado aumentaram significativamente, dificultando ainda mais a ação dos caçadores.
Os grupos de trabalho do Ministério do Meio Ambiente e da Agricultura não têm levado em consideração as sugestões dos caçadores, que são os principais agentes no combate à praga.
O futuro do controle dos javalis no Brasil
Com a expansão descontrolada da população de javalis, especialistas alertam que a erradicação total da espécie no Brasil já é inviável. Assim como ocorre em outros países, a solução deve focar na redução dos impactos ambientais e econômicos causados por esses animais.
Medidas como reforço na autorização de caça, uso de tecnologia para monitoramento das populações e políticas públicas mais eficientes são essenciais para conter o avanço da praga. O setor produtivo, que espera uma safra recorde de 322,47 milhões de toneladas de grãos em 2024/2025, precisa de segurança para garantir que os prejuízos causados pelos javalis não comprometam os bons resultados.
Enquanto o impasse burocrático persiste, os produtores rurais e caçadores seguem enfrentando, com recursos próprios e pouca assistência governamental, uma das maiores ameaças para a segurança alimentar do país.
Fonte: Compre Rural