A guerra da Ucrânia completou três anos na última segunda-feira (24/2), e pode ter desdobramentos antes não esperados pelo governo de Volodymyr Zelensky, alvo de pressões por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Os bastidores das negociações de paz entre Ucrânia e Rússia
- Com o avanço das negociações de paz, delegações dos EUA e da Rússia se reuniram na Arábia Saudita para discutir a guerra na Ucrânia, mas sem a participação ucraniana.
- Volodymyr Zelensky criticou a exclusão de seu país das negociações, afirmando que não aceitaria nenhum acordo fechado sem a Ucrânia e seus aliados europeus.
- Trump pressionou pela exigência de US$ 500 bilhões em minerais ucranianos como “reembolso”. Após Zelensky recusar, o presidente dos EUA o chamou de ditador e alertou que, se não agisse rápido, poderia “perder seu país”.
- Zelensky afirmou confiar no pragmatismo dos EUA para alcançar um acordo de paz com a Rússia e recebeu apoio do presidente francês, Emmanuel Macron, e do premiê britânico, Keir Starmer.
No dia que marcou o terceiro aniversário do conflito, o presidente norte-americano voltou a pressionar Zelensky para que seu homólogo ucraniano aceite um acordo envolvendo recursos minerais da Ucrânia.
“Todos expressaram seu objetivo de ver a guerra acabar, e enfatizei a importância do vital Acordo de Minerais Críticos e Terras Raras entre os Estados Unidos e a Ucrânia, que esperamos que seja assinado muito em breve”, disse Trump após receber o presidente da França, Emmanuel Macron, nos EUA.
Os minerais de terras rasas, geralmente utilizados em áreas ligadas à tecnologia, são vistos por Trump como uma “recompensa” pela assistência financeira que Kiev recebeu de Washington desde 2022. Antes, Zelensky já havia declinado da ideia, mas recuou e anunciou que um rascunho do acordo está sendo discutido por negociadores ucranianos e norte-americanos.


Além da pressão para que Zelensky aceite a proposta, que vem sendo trabalhada por negociadores dos dois países, a administração Trump deu mais um aceno positivo para a Rússia na Organização das Nações Unidas (ONU).
Durante votação sobre uma resolução que condenava a invasão da Rússia na Ucrânia, a diplomacia norte-americana se juntou a Moscou e votou contra a proposta, mostrando um alinhamento de Washington com o Kremlin. Apesar disso, a medida foi aprovada com 93 votos favoráveis.
Garantias de segurança
Apesar da pressão norte-americana contra as reclamações de Zelensky, que acusa EUA e Rússia de excluírem a Ucrânia das discussões de paz, Trump fez um aceno positivo à Kiev depois do encontro com Macron.
Trump se disse favorável a ideia da França e Reino Unido de enviar soldados europeus para o território ucraniano, e afirmou que Putin aceitará a medida, ainda que a presença de militares da Europa na guerra já tenha sido alvo de críticas e ameaças por parte de Moscou.
Ao longo das últimas semanas, Zelensky tem pedido que um possível acordo com a Rússia inclua “garantias de segurança” para a Ucrânia, mesmo que o país não seja aceito como membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A medida vislumbra um pós-guerra na Ucrânia com a presença de uma força de paz europeia na Ucrânia, com o objetivo não de lutar ao lado de Kiev, mas sim de evitar novas escaladas no conflito.
Fonte: Metropóles